sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Bringuisburg - capítulo 4

Capítulo 4
Mago Mizar, Apricot e Ruji.

                Mizar puxou a mão de Kate para dentro do grande prédio, ele só a largou quando chegaram em uma grande sala, repleta de quadros, no meio havia um escada toda feita de mármore e ouro. Havia no centro da sala um imenso tapete vermelho com vários símbolos em dourado. Móveis e prateleiras cheias de livros preenchiam as latereais da sala. Kate começou a observar os maravilhosos detalhes daquela sala.
-Temos que começar a organizar os preparativos e claro, como posso me esquecer? Segurança máxima a partir de agora... hm sim, claro, o jantar.. Er, aonde está Junk? – Mizar falava sozinho e em seguida estalou o dedo. Apareceu um homem ao seu lado, era transparente, tinha seu cabelo preso por uma pequena lança. Usava um roupão quase idêntico ao do Mago. Miza começou a conversar com o homem mas, Kate não o enchergava. “Ele está ficando louco?”, pensou a garota – Não minha querida, não estou louco.. ainda – disse ele sorrindo.
Kate corou – Você leu minha mente – disse ela pasma.
-Sim, sim. Me desculpe, não foi porque eu quis. Mas pelo jeito, você é a única que está pensando em algo bom, diferente do Robert que está pensando em levar a minha filha para a cama – disse ele encarando Robert.
-O que? Isso é um absurdo, Mizar. Como você pode pensar algo assim de mim? – disse ele rindo.
-Então quer dizer que você andou pensando em mim, Robert? – perguntou uma garota no alto da escada, estava observando todos. Era uma garota maravilhosamente linda, magra e esbelta. Tinha seus longos e belos cabelos negros amarrados com uma fita vermelha, deixando seus cachos caírem até sua cintura. Usava uma maquiagem muito bonita e forte. Seus ohos eram verdes, usava uma curta saia vermelha com alguns tecidos transparentes que chegavam aos seus pés, usava também um top vermelho. Havia vários símbolos em seus braços, cintura e pernas; estava usando várias jóias de ouro. Decia a escada lentamente, descalça.
-Ruji.. – disse Robert.
-Você demorou pra chegar – disse ela abraçando Robert e em seguida o beijando.
-Não precisamos assistir isso, minha filha – comentou o mago.
-Papai... – disse Ruji, afastando seu rosto do de Robert e em seguida olhando para Kate – Quem é essa? Arranjou uma nova mulher?
-Não, não. Ela não me quer. Por mais que eu tentei ela não me quis – comentou ele aos risos.
-Só uma idiota iria te querer.
-Está se chingando – sorriu ele e depois a beijou.
-Ai, ai. Se minha filha se casar com ele, nosso mundo estará perdido – suspirou Mizar.
-Concordo com o senhor – comentou Kate, Mizar sorriu para a garota.
-Venha criança, vou te mostrar o seu quarto – disse Mizar, puxando a mão de Kate e subiu as escadas. Os corredores eram largos, havia várias portas e Mizar abriu uma delas e entrou com Kate – Este é o seu quarto. Já sei o que você vai falar, ele é grande e que você não precisa de tudo isso – sorriu ele.
-Hm, é.. imenso, e eu realmente não preciso de tudo isso – disse ela.
-Vou te deixar sozinha – disse ele, e se retirou do quarto.
                O quarto era realmente grande, havia uma cama que caberia umas três pessoas. O guarda-roupa cobria toda a parede. Kate andou até a janela que havia no quarto, era grande e tinha uma vista extraordinária, ela se deitou na cama e começou a falar sozinha.
-O que eu estou fazendo aqui? O que o Edward está fazendo com aquela minha cópia?
-Deve ter dormido com ela, imagina só quando você for vê-lo! Ele vai te agarrar! – riu Robert entrando no quarto.
-Você sempre foi assim? Tão pervertido? – disse Kate sinicamente.
-Só um pouquinho... Então, quer ir ver o restante do lugar?
-Robert, que cicatriz é aquela que o Mizar tem abaixo do olho?
-Cicatriz? Ah sim, ele me disse que foi na guerra, porque?
-Eu já vi uma marca igualzinha aquela cicatriz... Só não me lembro aonde...
Robert permaneceu calado, fitanto Kate – Você não me respondeu, quer ir ver o lugar?

Robert desceu as escadas com Kate e andaram até a saída do prédio. Fora do prédio havia muito barulho, várias crianças brincando, animais soltos, pessoas vendendo todo tipo de objeto. Era tudo muito movimentado, Robert segurou Kate pela mão para não perdê-la de vista. Pararam então, em frente há uma praça, sentaram em um banco.
-Aqui parece uma cidade – comentou ela.
-Bringuisburg é, como eu vou dizer, uma cidade medieval.. como dizem no seu mundo – disse Robert – Kurlax é mais parecido com uma cidade, é mais movimentada e é escondida.
-Já esteve em uma cidade? – perguntou ela.
-Mais do que eu queria imaginar...
                Robert foi contando sua história, mas Kate estava longe demais para ouvir. Estava pensando em Edward, sentiu uma saudade imensa mas não podia fazer nada. Não sabia aonde era a saída de Kurlax, não sabia como voltar ao jardim do castelo, não sabia como atravessar aquele muro. E o que iria dizer quando Edward visse duas Kate? Qual seria a desculpa? Em que terminaria isso tudo?
-... e você não está me escutando – disse ele.
-Hm... – disse ela perdida em pensamentos.
-Você sabia que eu já beijei o Edward? E que ele já me chamou pra dormir com ele?
                Kate voltou rapidamente a se concentrar em Robert, pasma. Queria muito bater nele quando ouviu isso.
-O que você disse? – perguntou ela.
-Estou brincando, era pra trazer você devolta. Vou fazer uma coisa que eu sei que vou odiar – Robert assobiou e Ron apareceu em seu ombro – Ron, está na hora de uma caroninha pra aquele lugar.
-Sim, sim mestre – disse Ron animado e em seguida se transformando.
-Suba, Kate – mandou ele. Kate sentou nas costas do grande animal e Robert se sentou na frente dela – Quando você quiser, Ron.
                A senssação de estar voando é maravilhosa, mas não em um animal estranhamente rápido como Ron. Ele tinha uma velocidade incrível, Kate não conseguia ficar de olhos abertos, agarrou a cintura de Robert e apertou. Sintia uma grande vontade de vomitar, e achava que aquela senssação não iria acabar. Alguns minutos depois, Ron pousou. Kate não sabia como, mas conseguiu descer e pisar no chão, estava muito tonta e aquela vontade enorme de vomitar ainda continuava.
                Robert saltou e ficou ao lado da garota, colocou as mãos nos ombros dela. Ela estava tremendo tanto que não conseguiu ficar em pé; caiu de joelhos e vomitou. Robert deu dois passos para trás e esperou que ela terminasse. Ron pousou em seu ombro, ficou encarando a garota.
-Me desculpe, senhorita.. eu fui muito rápido – disse Ron, se culpando.
-Não, não.. Tudo bem, eu não estou acostumada a voar em animais – disse ela se levantando – Quero água.
-Ali tem um lago – disse Robert apontando pra direita. Kate andou até o local apontado, havia um pequeno lago ali. Ela se abaixou, juntou as mãos, as enxeu de água e bebeu – Melhor?
-Sim... aonde estamos?
-Por aqui – disse Robert andando no meio da mata. Kate levantou e o seguiu, andaram muito. Robert foi pelo caminho mais difícil, havia muitos morros e buracos, e como Kate era lerda o suficiente para não perceber os buracos, tropeçava em vários. Robert desceu um pequeno morro e estendeu a mão para a garota, Kate simplesmente caiu em em cima dele.
-Hn, desculpa – disse ela se levantando.
-Tudo bem – riu ele, se levantando – Acho que estamos chegando.
-Acha? – perguntou ela desesperada – Está namorando a Ruji e teve a cara de pau de dar e cima de mim?
-Sim, tive – disse ele descaradamente.
-Acho que já sei o porque de Edward de odiar tanto.
Robert olhou para ela e sorriu, ele segurou a mão da garota e a puxou para o final da floresta. Eles pararam de andar e Kate reconheceu o local. Era um enorme jardim, e no final havia um castelo que reconheceu imediatamente.
-Você deve estar brincando comigo – disse ela sorrindo.
-Não, não estou. Hm, tem algo que você tem que saber... o período que estave com Mizar foi alguns meses aqui em Bringuisburg.
-Meses? – perguntou Kate pasma.
-É, eu diria uns quatro meses...
-O QUE?
-Kate? – perguntou o jovem príncipe se aproximando, guardando a espada e se apressando para abraçá-la – Você disse que não iria demorar a chegar..
-Estava brincado com você. Você é realmente lerda com as coisas, e acreditou – riu Robert.
-O que você faz aqui? – perguntou Edward se afastando de Kate e se aproximando de Robert. O príncipe puxou a espada de sua cintura e apontou para Robert.
-Calma, calma... eu só trouxe Kate de volta – disse Robert sem se preocupar com a espada.
-Você estava com Kate? – disse ele, e desta vez, bastante enfurecido.
-Eu dormi com ela, cara. Pronto, falei. Agora é com você, Kate – disse ele encarando Edward.
-Você o que..? – Edward estava preste a atacar Robert, mas Kate foi mais rápida.
-Não, não.. não é nada disso! – disse ela ficando na frente de Robert, antes que Edward cortasse sua cabeça – Ele não dormiu comigo, nada disso aconteceu! Para de rir Robert, seu idiota!
-Ela estava sentindo saudades. E eu acho que você também – disse Robert tranquilo – Apricot está aqui.
-Como você sabe disso? – perguntou o príncipe guardando a espada.
-Como se eu não conhecesse a mãe de Ruji – disse ele com deboche, foi andando até o castelo.
                Kate ficou observando Robert andar até o castelo, cruzou os braços e suspirou. Edward a abraçou com muito carinho. Kate sorriu e retribuiu o abraço.
-Por que demorou tanto? – perguntou ele.
-Edward, não era eu que estava aqui. Era uma cópia minha – riu ela.
-Robert não mudou nada – disse ele a soltando. O príncipe segurou o rosto da garota e acariciou. Kate fechou os olhos, já esperava que ele a beijasse. Edward aproximou sua boca da garota e a beijou. Kate sorriu entre o beijo e o abraçou, Edward afastou seu rosto do dela e sorriu – Senti sua falta, sua cópia ficou o dia inteiro sem me beijar... vai ter que pagar por ela.
-Eu não tenho nada a ver com isso – riu Kate.
-Ah, tem sim – disse ele se aproximando mais dela. Kate começou a se afastar cada vez mais rápido. Edward então, correu atrás dela e ela correu para dentro do castelo. Edward foi mais rápido, antes que Kate tentasse se esconder dentro de alguma sala ele a puxou e a abraçou – Hm, eu vou te agarrar a força se continuar a fugir.
-Por favor, Edward. Já basta o Robert de tarado aqui – disse a garota corando.
Edward riu e deu um beijo em seu rosto.
-Por favor meu príncipe, temos visitas aqui – disse Robert acompanhado com uma senhora. Ela era diferente das outras mulherer que Kate vira em Bringuisburg. Era uma mulher de idade, mas não tão velha assim, seus cabelos eram cacheados, havia vários brincos nas duas orelhas. Ela não tinha cílios, no olho esquerdo haviam três fios na parte inferior do olho e no direito um fio na parte superior e três pontos abaixo do mesmo. Em sua testa havia uma tiara de ouro com os mesmo símbolos que Ruji tinha no corpo – Quer parar de agarrar minha amante?
-Amante, em? O que minha filha iria pensar disso, Robert? – disse a senhora – Eu vou voltar a Kurlax, Edward.
-E você também, Kate – disse Robert.
-Ela não vai – disse seriamente Edward – Temos coisas a fazer...
-Como por exemplo? Ficarem se beijando? Mizar precisa de você, Kate e você sabe disso – disse Robert suncintamente.
-Você pode ir querido – convidou gentilmente a senhora.
-Apricot, que isso... não vai querer levar esse sujeito para Kurlax, vai? – perguntou Robert.
-Sim, eu vou. Não está percebendo que ele quer ficar com a amada? – sorriu Apricot – Bom, vamos – Apricot segurou no braço de Robert e ordenou que os outros a segurassem. Ela começou a susurrar estranhas palavras. Élficas? Talvez. A língua mórfica de Kurlax? Talvez. Kate não entendia nada do que ela falava, mas rapidamente eles estavam em outro lugar, em Kurlax. Apricot estava diferente quando chegou em Kurlax, usava roupas e luvas escuras, a gola do vestido era tão alta que ultrapassava a cabeça. Ela foi andando na frente com Robert ao seu lado, estavam conversando em uma língua totalmente diferente do que tinha ouvido. Parte da conversa Kate entendia.
-Que língua é essa que eles estão falando? – perguntou Kate a Edward. Ele a encarou por um segundo e depois riu – Do que está rindo? – perguntou Kate, fora tão ridícula assim a sua pergunta?
-Você está falando sério? – disse ele se preocupando – Kate, é a única língua que você entende.. você está bem?
A garota não entendia o porque disso. Não compreendia nada do que eles falavam. Sua vista começou a ficar embaçada, tudo começou a ficar preto e branco. A única coisa colorida que conseguia ver eram duas pessoas muito estranhas se aproximando. Se eram pessoas, Kate não conseguiu identificar. Uma delas usava uma saia com todos os tons possíveis de azul, havia um cinto vermelho em volta de sua cintura. Sua blusa era verde com várias linhas roxas, ou roxa com várias linhas verdes. O capuz e a calça eram rosa, a luva que usava era roxa. Kate não conseguia enchergar seu rosto, pois o capuz não permitia.. mas pode perceber que seus braços eram laranjados. A sua companheira era uma mulher estranha, seu corpo era de um tom azul turquesa. Seus cabelos loiros alaranjados, seus olhos roxos, sua boca vermelha. Tinha uma roupa vermelha e azul.. um vestido talvez; havia também, várias jóias coloridas em seus braços.
Kate já tinha visto de tudo, do possível ao impossível nesse mundo.. mas nada se compara com o que tinha acabado de ver. Duas criaturas totalmente coloridas dançando ao redor de todos. Dançavam como se estivessem homenagiando algum deus. Riam e dançavam loucamente.
-Robert, quem são esses? – perguntou Kate apontando para as criaturas.
-Quem? –disse Robert olhando em volta
-Muito engraçado vocês.. – zombou Kate – Isto não tem graça, são criaturas coloridas e estranhas – Kate começou a se afastar deles, começou a ficar estérica e nervosa. Sua cabeça começou a doer muito. Ela se sentou e gritou. Gritou tanto que não se escutava mais nada. Não ouvia Edward chamar ajuda, não ouvia Robert conversando com Apricot, não ouvia mais nada pois não havia nada. Ela estava em um lugar aonde só existia ela. A garota se levantou e começou a andar para ver se conseguia enchergar alguém.
                De repente viu as criaturas coloridas se aproximando dela. Kate sentiu medo, mas continuou a andar. Chegava perto quando uma delas gritou.
-Como ousa passar pela gente e não nos cumprimentar? – disse a loira desesperada
-Como ousa.. sua mera criatura sem graça e sem cor – disse rudemente a outra.
                Kate nem tinha chegado tão perto assim delas, não entendia o porque daquilo – Hn, me desculpe.. mas eu nem passei por vocês ainda.
-OHH! Como ousa falar isso para nós? Sabe quem somos? SABE? – disse a criatura com o capuz.
-Não.
-Ela não sabe de nada – a loira se sentou em uma cadeira que apareceu rapidamente do nada – Sabe quanto é quinze pessoas dadas a um Murumbutu?
-Murum o que?
-Tsc.. essa ai não tem jeito mesmo, devemos mandá-la a um Qizórks.
                A criatura do capuz vermelho se aproximou de Kate e tocou sua testa. Kate se lembrou de seus pais, mas porque? – Quem é Malcolm? Que nome estranho..
-Meu.. pai – disse ela tristemente, nem percebia que uma lágrima tinha escorrido pelo seu rosto.
-Chorastes porque, ó criatura sem cor? – pergunto a loira. Kate não precisou responder a pergunta para que elas entendessem – Faça um pedido.
-Qualquer um? – disse Kate.
-Lógico que sim, se você vai fazer um pedido você tem que pensar em qualquer coisa – comentou a criatura do capuz que aparecera em um piscar de olhos atrás de Kate.
-Você pode pedir pra ser mais colorida..
-...Mais esperta...
-...Bela com nós...
-...Inteligente como nós...
-...Rápida como nós...
-...Pode pedir um marido...
-...Pode pedir um amante...
-...Pode pedir um casa nova...
-...Tem també...
-Quero ver meus pais – disse ela seriamente.
                As criaturas pararam de falar e ficaram imóveis. Passado alguns segundos eles se olharam e sorriram – Tem certeza? – disse as duas.
-Sim.
                A loira se aproximou da garota e tocou sua testa – Feche os olhos criança – ordenou a criatura. Kate a obedeceu, e logo em seguida sentiu uma forte pressão na cabeça, queria abrir os olhos e saber o que estava acontecendo...
-Minha filha! Vai se atrasar querida! – gritou uma mulher.
-Já vou mãe! – respondeu uma garota.
                Kate não acredira no que via, a garota que respondeu era ela. Kate estava com um novo corte de cabelo, mais colorido. A mulher que gritou antes dela fora sua mãe. Ellen estava mais velha, já dava pra ver os fios brancos.Estava de terninho, provávelmente iria trabalhar.
-Kate! Sua aula é daqui a quinze minutos! Ele está te esperando lá fora! – gritou ela novamente.
-Eu sei mãe! – respondeu a garota se aproximando. Kate já estava pronta para mais uma aula. Provávelmente uma de suas últimas aulas. Ela se despediu de sua mãe com um beijo no rosto e saiu correndo porta a fora. A verdadeira Kate a acompanhou até a saída, queria saber quem era que estava a esperando, talvez fosse seu pai. Mas não era.
                Ele era muito jovem, de sua idade talvez. Seus cabelos eram loiros, tinha os olhos cor de mel, era bem bonito.
-Robert, vamos... nos atrasar! – disse Kate correndo.
-Eu sei, ninguém mandou dormir de mais! – riu ele correndo a acompanhando.
“Robert? O Robert primo de Edward? Namorado de Ruji? O pervertido Robert? Impossível, então era realmente verdade que ele conhecia uma cidade tão bem quando eu.” – pensou Kate. Ela então, saiu andando pela cidade.. muita coisa havia mudado. Quanto tempo havia se passado desde então? Viu Claire correndo, tentando alcançar Kate e Robert.
-HEY! Me esperem! – gritou ela.
-Esperar? Estamos atrasados! Não tem como te esperar! – riu Kate.
                “O que aquelas criaturas fizeram comigo? Por que Robert está aqui? Ele não é um personagem meu fictício? Como isso é possível?” – Kate se perguntou novamente. Havia tantas perguntas que queria fazer a Robert quando voltasse a Bringuisburg, ou a Kurlax. Queria saber o porque daquilo tudo, se Robert estava ali, outros também estariam? – “Edward...”
-Acho que já chega... – disse uma mulher.
                Kate estava deitada em uma cama, logo que acordou, reconheceu o lugar. Estava em seu quarto, em Kurlax.
-Acordou? – perguntou Robert que estava do seu lado, sentado em uma cadeira. Estava com uma cara séria, provavelmente já sabia o que tinha acontecido com Kate – O que você viu... apenas ignore. Eles nem sempre mostram a verdade e isso pod..
-Você mora em uma cidade? – perguntou ela em um susurro – Porque não me explicou isso direito? Robert, eu te vi lá.. você é um dos meus amigos!
-Eu te disse, Kate. Nem sempre eles mostram a verdade, o que você deve ter visto foi apenas uma alucinação, eles são bons nisso.
-Mas como você sa...
-ROBERT! – disse um homem abrindo estrondosamente a porta, estava desesperado – Robert.. meu senhor.. lá fora. O.. Ron..
Robert não quis saber do resto, quando ouviu o homem dizer ‘Ron’, levantou da cadeira e saiu correndo para fora do prédio. Kate ainda estava tonta, mas se levantou e tentou andar o mais rápido que podia atrás de Robert, queria saber o que havia acontecido com Ron. Kate demorou a chegar, e quando estava lá havia várias pessoas em volta. Algumas choravam, outras evitavam ver. A garota empurrou as pessoas, e tentou se aproximar e viu o grande leão voador ferido. Estava bastante ferido, parte de seu corpo estava sem a pele. Ron estava com a respiração rápida, e a cada fungada que dava gemia de dor. Robert não sabia o que fazer, começou a acariar a cabeça do animal e dizer que tudo ficaria bem, que Mizar iria ajudá-lo.
-Mes..tre.. – susurrou o animal.
-Shh, não fale nada, Ron – disse Robert – Só me diga uma coisa, quem fez isso com você?
                Ron demorou a falar. Fechou os olhos e ficou em silêncio por alguns minutos. Kate sentou ao lado de Robert e ficou a acariciar a cabeça de Ron. A grande criatura suspirou pesadamente, e chorou ao fazer isso. Disse algumas coisas, mas ninguém entendia.. o coitado não conseguia nem falar. Mas em uma palavra o povo entendeu.
-Rulet... – disse a criatura e calou-se.
                Kate não duvidava nada que Robert fosse imediatamente atrás de Rulet e se vingar. Mas ele não fez isso. Ficou quieto, acariciando o seu bicho e lamentando em silêncio. Kate percebia o quão triste e abalado ele estava, mas sentia também, uma imensa raiva pairando sobre ele.

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